quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dia Nacional do Mar

Hoje, dia 16 de novembro, comemora-se o Dia Nacional do Mar.
Este elemento que é tão contraditório, capaz de nos levar para grandes aventuras felizes, mas também gerador de tristeza.

Aqui ficam alguns poemas...

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

                                                       Fernando Pessoa, in Mensagem


Oceano Nox

Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o voo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...

Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que ideia gravitais?

Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...

                                        Antero de Quental, in Sonetos


Carta ao Mar

Deixa escrever-te, verde mar antigo,
Largo Oceano, velho deus limoso,
Coração sempre lírico, choroso,
E terno visionário, meu amigo!

Das bandas do poente lamentoso
Quando o vermelho sol vai ter contigo,
- Nada é mais grande, nobre e doloroso,
Do que tu, - vasto e húmido jazigo!

Nada é mais triste, trágico e profundo!
Ninguém te vence ou te venceu no mundo!...
Mas também, quem te pode consolar?!

Tu és Força, Arte, Amor, por excelência! -
E, contudo, ouve-o aqui, em confidência;
- A Música é mais triste inda que o Mar!

                             António Gomes Leal, in Claridades do Sul

Uma Após Uma as Ondas Apressadas

Uma Após Uma
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.

Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.

Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.

Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.

                                            Ricardo Reis, in Odes
                                            Heterónimo de Fernando Pessoa

                                    "Fundo do Mar", Sophia de Mello Breyner Andresen 

3 comentários:

  1. Não podia deixar de ser a primeira a vir felicitar esta iniciativa do nosso coordenador do PNL.
    Obrigada por mais este cantinho de leituras!

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  2. Não consegui ser a primeira, mas a segunda também não é nada mau!:) É sempre bom poder partilhar aquilo que se vai fazendo no PNL. Parabéns pela iniciativa...vou ser uma seguidora assídua deste espaço! :)
    Susana

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  3. Não tenho palavras, mas muito orgulho!
    Sou a nº 3!
    Parabéns pelo espaço e pelo resto...

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